Tuesday, August 21, 2007

Floresta ardida...

Todos os anos os incêndios florestais enchem as capas dos jornais, são tema de abertura nos noticiários e motivo para inúmeros comunicados por parte do Governo e das autoridades competentes.

Todos os anos Portugal lamenta a destruição de hectares e hectares de floresta, a perda de recursos naturais e simultaneamente os prejuízos económicos que daí advêm. Mas todos os anos nada muda!!

Contudo, este ano, não sei se por mérito do Programa de Combate aos Incêndios Florestais, adoptado pelo então Ministro da Administração Interna, António Costa, ou se simplesmente pelo facto deste estar a ser um Verão de temperaturas particularmente amenas, mas o número de incêndios ocorridos e a respectiva área ardida têm se mantido, até agora, bastante abaixo dos valores registados em anos anteriores (pelo menos assim o indica o Relatório Provisório de Incêndios Florestais 2007 publicado este mês pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais).

No entanto, os fortes ventos que se têm sentido desde o fim de semana acenderam alguns focos e trouxeram de volta o fantasma dos grandes incêndios dos últimos Verões.

Sem querer discutir o valor ecológico das várias áreas em causa, confesso que as imagens do incêndio que tem estado a lavrar desde 2ª feira no concelho de Abrantes me tocou particularmente, já que há uns tempos andei em trabalho de campo por essas mesmas florestas que agora ardem!!

Por isso partilho convosco uma dessas imagens, para que nos lembremos sempre de apreciar e valorizar os bens que a natureza nos oferece já que pode ser sempre a última vez que o possamos fazer...

5 comments:

Rik said...

yup, à volta da minha terrinha arde sempre alguma coisa todos os anos... não falha! :| O que vale é que a Camara tomou pulso de ferro de alguns anos para cá e começou a garantir que a lei fosse cumprida e que não fossem plantadas espécies diferentes das que já existiam no terreno antes do fogo. O que quer dizer que felizmente, continua a ser uma zona de pinheiros ;)demoram a crescer, mas crescem.

Sara SC said...

Muito bem...assim ditam as boas práticas ambientais!

O pinheiro demora cerca de 25 anos a atingir a idade adulta e tem uma resistência intermédia ao fogo. Só que esperar 1/4 de século até ter tudo verdinho outra vez "parece mal" e não rende tantos votos por isso a estratégia geral é "bora lá plantar espécies exóticas de rápido crescimento mas resistência quase nula ao fogo" :(

Por isso tiro o meu chapéu à Câmara Municipal da tua "terrinha" :)

Sara SC said...

Pronto, leia-se "espécies exóticas" como "eucaliptos" e "não rende tantos votos" como "não rende tanto à indústria da celulose".

Mais realista assim, n?

grão de pó said...

os eucaliptos até têm boa resistência a fogos. por isso é que depois de um aperto de "calores" os que sobrevivem ficam com um formato tipo cipreste (ao longe...). o seu efeito nefasto é mais ao nível do esgotamento dos solos.

nós até tínhamos uma vegetação adaptada ao fogo... mas a ciclos com um intervalo muito superior!
por exemplo, o pinheiro resiste ao fogo rasteiro, porque a casca é bem mais espessa perto da base.

castanheiros e carvalhos, entre outras folhosas, são mais difíceis de "pôr a arder" que as resinosas. mas o supra-sumo da resistência é o sobreiro, já que a cortiça é uma excelente barreira para o interior vivo.

anyway, a questão dos fogos é algo que me tortura um bocadinho por dentro. não consigo entender o desrespeito que as pessoas têm por um bem ao qual não conseguem atribuir o real valor...
ainda estamos longe de termos como conhecimento global que ambiente, economia e sociedade não são independentes...

Sara SC said...

Ah, o prazer de ler as explicações de uma especialista :D
Eu bem me lembro da poluição mecânica dos solos pelos eucaliptos, das minhas remotas aulas de Pedologia no 3º ano..Meu Deus, eu sabia q n devia ter "cochilado" nessa altura..mas dp do almoço, no verão e na costa...n havia quem resistisse...LOOOL