Esta manhã, ao ler uma notícia no Expresso sobre a avaria que o nosso Navio-Escola Sagres sofreu ao largo da costa do Uruguai quando navegava rumo a Buenos Aires, recordei-me da viagem que fiz há exactamente 10 anos atrás no Navio de Treino de Mar Creoula.
O Creoula é um lugre de 4 mastros construído em 1937 nos estaleiros da CUF para a Parceria Geral das Pescarias. Foi lançado ao mar nesse mesmo ano e fez inúmeras campanhas de pesca nos bancos da Terra Nova e da Gronelândia, até 1973.
Seis anos mais tarde, o Creoula foi adquirido pela Secretaria de Estado das Pescas, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, com a finalidade de nele ser instalado um museu de pesca.
No entanto, acabou por ser convertido em Navio de Treino de Mar (NTM) com o objectivo de desenvolver acções de formação para profissionais mas principalmente para possibilitar a experência de navegação e a vivência de mar ao público em geral.
A viagem que fiz em 1997, viagem essa partilhada por alguns dos leitores deste blog, foi organizada pelo grupo de actividades extra-curriculares da minha Escola Secundária e proporcionou-nos, sem dúvida, uma experiência única.
Foram 45 horas de navegação para percorrer as 185 milhas que separam Lisboa do Porto, com algumas horas de fundeamento ao largo das Berlengas para uns bons, embora frios, mergulhitos e observação das comunidades de gaivotas existentes na ilha maior.
Mas o que marca na viagem a bordo do Creoula não é o passeio em si, se bem que viajar por mar tem realmente um encanto próprio como tantos já o disseram, mas sim a prática marítima. Cada passageiro embarca na condição de instruendo com o objectivo de aprender as práticas da vida a bordo e adquirir conhecimentos técnicos de navegação e de cultura geral sobre o mar. Os instruendos são integrados na tripulação do navio, que é propositadamente insuficiente para o desempenho das suas funções, ou seja, a guarnição do navio apenas está completa com um número mínimo de instruendos.
Para mim foi uma experiência que valeu a pena e que guardo na memória, tanto as limpezas, a faina geral de mastros e a preparação do rancho como as belas horas de vigilância à proa, à noite sob um céu estrelado de Julho ou a sensação única de estar ao leme de um navio, ainda que na companhia do respectivo comandante (Meu Deus, se estivesse sozinha deveriamos ter encalhado ao fim de 5 min...lol)!!
Também dignos de registo foram os gritos de "Alvorada!! Alvorada!!" às 7 da manhã saídos dos autifalantes colocados no topo de cada um dos nossos infímos beliches :)
Por tudo isto e muito mais recomendo uma viagenzita no Creoula a quem tenha a possibilidade de reunir um grupo de pessoas em número suficiente para umas belas e inesquecíveis horas de navegação.
Mais informações em http://www.marinha.pt/creoula/
Saturday, August 18, 2007
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